“Não há retorno”, diz José Reinaldo sobre rompimento entre Brandão e Dino 

“Não há retorno”. A frase do ex-governador José Reinaldo Tavares, dita em entrevista ao jornal O Imparcial, caiu como um raio sobre o já instável terreno da política maranhense. Ao comentar o distanciamento entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro do STF Flávio Dino, o experiente articulador político — que apoiou ambos em momentos decisivos de suas trajetórias — praticamente selou o fim de uma aliança que moldou o atual cenário de poder no estado.

José Reinaldo ainda previu que Brandão deixará o governo para disputar uma vaga no Senado com possível apoio do presidente Lula (PT), mas duvidou que o governador endosse a candidatura do petista Felipe Camarão ao Palácio dos Leões. “Ele nunca me chamou para conversar sobre política”, revelou, indicando estar à margem dos planos do chefe do Executivo estadual, mesmo ocupando o cargo de secretário de Projetos Especiais do próprio governo.

A declaração abre uma série de contradições e incertezas quanto ao rumo da sucessão de 2026. Como Lula apoiaria um candidato ao Senado que não se compromete com o projeto do PT no Maranhão? A dúvida expõe as fragilidades de um grupo político que, até pouco tempo, parecia coeso. A fala de José Reinaldo, apesar de influente, também escancara a imprevisibilidade que domina o jogo sucessório, e mostra que nem mesmo os mais experientes conseguem vislumbrar um desfecho claro.

A tensão entre brandonistas e dinistas cresce, e a cada gesto dos lados envolvidos parece mais distante uma reaproximação. Ainda assim, como lembra a própria trajetória do ex-governador — que já rompeu e se reconciliou com Roseana Sarney —, a política, por mais impenetrável que pareça, nunca fecha todas as portas.

Viagem de Lula ao Japão e Vietnã custou ao menos R$ 4,5 milhões e inclui gastos com Janja

A comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e Vietnã, no fim de março, contou com pelo menos 220 integrantes e já consumiu R$ 4,54 milhões em recursos públicos — valor parcial, já que o total ainda não foi oficialmente divulgado.

A viagem envolveu ministros, parlamentares, servidores de órgãos ligados à Presidência e a própria primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, que viajou com o escalão avançado em aeronave da FAB e retornou ao Brasil em voos comerciais, com passagens na classe executiva que somaram R$ 60 mil. A Secom se recusou a divulgar a lista completa de integrantes e gastos, alegando sigilo por até cinco anos.

Essa foi a maior comitiva presidencial registrada no atual mandato de Lula, superando até a da Assembleia-Geral da ONU em 2023. A prestação de contas deveria ter sido concluída até 30 dias após a viagem, conforme decreto em vigor, mas dados completos ainda não estão disponíveis nos portais oficiais. O caso tem gerado críticas sobre a falta de transparência e os critérios para composição das viagens internacionais do presidente e sua equipe.

Juscelino Filho vota a favor de medida que pode favorecer Bolsonaro 

Com 315 votos a favor e 143 contrários, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (7), a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

A decisão, de forte repercussão política, pode abrir caminho para beneficiar também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado como um dos articuladores dos atos golpistas de 8 de janeiro.

Entre os votos favoráveis está o do ex-ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho (União Brasil-MA), que deixou o cargo em abril após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e outros crimes.

O partido do ex-ministro, o União Brasil, foi majoritariamente favorável à medida, com 56 votos a favor e apenas quatro contrários. O pedido de suspensão foi apresentado pelo PL, sob o argumento de que Ramagem não poderia ser alvo de investigação após sua diplomação como deputado federal.

Esquema de fraude no INSS pode somar quase R$ 90 bilhões

A Polícia Federal revelou que a máquina pública realmente funciona quando se trata de descontar empréstimos consignados não autorizados de aposentados e pensionistas. O esquema, investigado no INSS, pode ter movimentado quase R$ 90 bilhões em liberações indevidas de crédito. Um feito e tanto para quem prometia “cuidar das pessoas”.

As investigações apontam possíveis conexões com a Dataprev, empresa estatal responsável pelas informações da Previdência, que pode ter contribuído com mais que tecnologia: uma eficiência quase sobrenatural em aprovar crédito sem autorização dos beneficiários.

Em 2023, os empréstimos consignados chegaram a R$ 89,5 bilhões, e, no mesmo ano, o TCU identificou 35 mil reclamações formais de créditos surgidos do nada. O primeiro cálculo da PF estima que mais de 4 milhões de brasileiros tiveram valores descontados sem aviso — um exemplo de como o Estado pode ser ágil quando realmente se empenha. 

Onze entidades e associações são suspeitas de integrar o arranjo, que retirava dinheiro dos beneficiários antes mesmo que eles soubessem que haviam “aderido” a alguma instituição.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi retirado do cargo após virar alvo das investigações. Já o ministro da Previdência, Carlos Lupi, decidiu sair por vontade própria — embora a “vontade” tenha vindo logo após a pressão pública se tornar insustentável. Em sua nota de despedida, garantiu que não foi citado em momento algum.

Lupi também frisou que todos os setores da Previdência apoiaram as investigações, mesmo que só após o escândalo ocupar o noticiário. Para seu lugar, Lula escalou o ex-deputado Wolney Queiroz. Na presidência do INSS, entrou Gilberto Waller Júnior, que já prometeu um plano para devolver os valores.

Ministros de Lula nomearam esposas para tribunais de contas com salários superiores aos seus

A nomeação de esposas de políticos para cargos de conselheiras em tribunais de contas estaduais tem se tornado prática recorrente entre ex-governadores, inclusive entre atuais ministros do governo Lula.

Além de garantir influência direta sobre órgãos responsáveis pela fiscalização das contas públicas, a medida assegura às indicadas remunerações significativamente superiores às dos próprios ministros, que recebem entre R$ 44 mil e R$ 46,5 mil mensais.

Levantamento do Portal da Transparência mostra que pelo menos cinco ministros nomearam as respectivas esposas para tribunais de contas logo após deixarem o governo dos seus estados. Renata Calheiros, esposa do ministro dos Transportes, Renan Filho, lidera a lista com vencimentos que chegam a R$ 79,5 mil no TCE de Alagoas.

A prática, embora amparada por votações legislativas — muitas vezes secretas e sob controle político dos indicantes —, vem sendo duramente criticada por entidades como a Transparência Internacional e o Instituto Não Aceito Corrupção, que defendem novas regras para coibir esse tipo de nomeação, classificada por especialistas como uma forma de nepotismo institucionalizado.

Crise no INSS pressiona Lula e ameaça base governista com possível saída do PDT

O escândalo bilionário no INSS, que já provocou um prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos, colocou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma situação delicada. A oposição reagiu com força e já protocolou o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados.

Três dos 18 parlamentares federais maranhenses – Duarte Júnior (PSB), Allan Garcês (PP) e Aluísio Mendes (Republicanos) – assinaram o requerimento que visa apurar responsabilidades dentro do órgão da Previdência Social.

A pressão também vem das ruas. Pesquisa divulgada pela AtlasIntel nesta quinta-feira (1º) mostra que 85,3% da população defendem a demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi, aliado histórico de Lula e presidente licenciado do PDT. A condução da crise tem causado atritos entre o Planalto e o partido.

O líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), chegou a ameaçar o rompimento com o governo: “Defenderei a saída da base. Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição”. A crise, além de abrir uma ferida na governabilidade de Lula, evidencia os limites da coalizão petista diante de escândalos envolvendo aliados próximos.

Prisão do ex-presidente Collor ordenada pelo STF acende alerta para Bolsonaro

Pela primeira vez na história do Brasil, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão imediata de um ex-presidente da República: Fernando Collor de Mello, 75 anos. Condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor tem crimes cometidos durante seu mandato como senador, entre 2009 e 2014, época em que era aliado dos governos Lula e Dilma. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes e deve ser referendada pelos demais magistrados do STF.

O caso está ligado à Petrobras, mais especificamente à BR Distribuidora. Collor teria recebido R$ 20 milhões em propina de empreiteiras em troca de influência sobre contratos públicos. Foram identificadas 369 operações de lavagem de dinheiro, envolvendo contas pessoais e empresariais.

Mas, e Bolsonaro? A prisão de Collor pode sim ser um sinal de alerta para o também ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Afinal a Suprema Corte já mostrou que está disposta a ir até o fim nas investigações sobre os desdobramentos do 8 de janeiro e as articulações antidemocráticas de uma ‘suposta’ tentativa de golpe de Estado por parte de Bolsonaro e aliados em 2022.

Inclusive na última quarta-feira, 23, o ex-presidente recebeu uma intimação do STF, no hospital DF Star, em Brasília, onde está internado desde o dia 13 de abril, tornando-o oficialmente réu em ação penal. Desde então, o ministro Alexandre de Moares impôs prazo de cinco dias para que Bolsonaro apresente provas em sua defesa.

E por que a prisão de Collor é diferente da de Lula?

Lula foi condenado e preso em 2018, também com base em acusações ligadas à Lava Jato. Porém, anos depois, o STF anulou as sentenças por reconhecer que o então juiz Sergio Moro agiu com parcialidade. Ou seja, Lula foi solto, teve seus direitos políticos restituídos e voltou à presidência em 2023.

Já Collor teve condenação confirmada no Supremo, com provas documentais e sem questionamentos sobre imparcialidade dos julgadores.

Pedro Lucas recusa convite de Lula e seguirá na liderança do União Brasil na Câmara

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União) anunciou, nesta terça-feira (22), que não aceitará o convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o Ministério das Comunicações.

Em nota oficial, o parlamentar agradeceu a confiança do presidente, mas afirmou que decidiu permanecer na liderança do União Brasil na Câmara dos Deputados, cargo que, segundo ele, permite maior contribuição política neste momento. “A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil”, justificou.

Pedro Lucas destacou ainda seu compromisso com o diálogo institucional e com a boa política, reforçando que sua decisão foi fruto de uma reflexão profunda sobre o atual cenário político.

Ele pediu desculpas por não poder atender ao convite e reafirmou seu compromisso com o bem-estar da população, especialmente dos mais vulneráveis. Com a recusa, o União Brasil deverá indicar outro nome para o comando da pasta, em articulação com o Palácio do Planalto.

Pedro Lucas Fernandes assume Ministério das Comunicações após saída de Juscelino Filho

O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) foi confirmado como novo ministro das Comunicações, em substituição a Juscelino Filho, que deixou o cargo para se dedicar à sua defesa após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares. A saída de Juscelino foi comunicada oficialmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última terça-feira (9).

Em nota, os advogados do ex-ministro afirmaram que a denúncia não implica culpa e criticaram o que chamaram de retorno ao “punitivismo”. Os fatos investigados, segundo a defesa, referem-se ao período em que Juscelino era deputado federal.

A escolha de Pedro Lucas ocorreu durante um almoço de articulação política na residência do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, com a presença de lideranças do partido e da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).

Atual líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas foi o nome de consenso entre o partido e o Palácio do Planalto. Com trajetória marcada pela atuação em comissões e relatorias importantes, como a CPI do derramamento de óleo no litoral nordestino, Pedro Lucas também atuou como vice-líder do governo no Congresso Nacional entre 2023 e 2025 e integrou recentemente a comitiva presidencial em viagem à Ásia ao lado de Lula.

Lula sinaliza Pedro Lucas como possível novo ministro das Comunicações

Durante viagem oficial a Honduras, nesta quarta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil) deve ser o substituto de Juscelino Filho (União) no comando do Ministério das Comunicações.

Em entrevista, Lula afirmou já conhecer o parlamentar e adiantou que pretende discutir a nomeação com lideranças do União Brasil assim que retornar ao Brasil.

“Da mesma forma que o União Brasil tem o direito de me indicar o sucessor para o Juscelino, que é do União Brasil. Eu já tenho o nome, eu conheço o Pedro Lucas”, declarou o presidente.

Lula acrescentou que, ao desembarcar no país nesta quinta-feira, pretende se reunir com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e outros dirigentes da legenda para tratar da possível indicação. O chefe do Executivo ressaltou que a troca não faz parte de uma reforma ministerial mais ampla.