“Não há retorno”. A frase do ex-governador José Reinaldo Tavares, dita em entrevista ao jornal O Imparcial, caiu como um raio sobre o já instável terreno da política maranhense. Ao comentar o distanciamento entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro do STF Flávio Dino, o experiente articulador político — que apoiou ambos em momentos decisivos de suas trajetórias — praticamente selou o fim de uma aliança que moldou o atual cenário de poder no estado.
José Reinaldo ainda previu que Brandão deixará o governo para disputar uma vaga no Senado com possível apoio do presidente Lula (PT), mas duvidou que o governador endosse a candidatura do petista Felipe Camarão ao Palácio dos Leões. “Ele nunca me chamou para conversar sobre política”, revelou, indicando estar à margem dos planos do chefe do Executivo estadual, mesmo ocupando o cargo de secretário de Projetos Especiais do próprio governo.
A declaração abre uma série de contradições e incertezas quanto ao rumo da sucessão de 2026. Como Lula apoiaria um candidato ao Senado que não se compromete com o projeto do PT no Maranhão? A dúvida expõe as fragilidades de um grupo político que, até pouco tempo, parecia coeso. A fala de José Reinaldo, apesar de influente, também escancara a imprevisibilidade que domina o jogo sucessório, e mostra que nem mesmo os mais experientes conseguem vislumbrar um desfecho claro.
A tensão entre brandonistas e dinistas cresce, e a cada gesto dos lados envolvidos parece mais distante uma reaproximação. Ainda assim, como lembra a própria trajetória do ex-governador — que já rompeu e se reconciliou com Roseana Sarney —, a política, por mais impenetrável que pareça, nunca fecha todas as portas.