A campanha da Justiça Eleitoral para que Imperatriz alcançasse os 200 mil eleitores aptos a votarem, possibilitando o segundo turno nas eleições municipais de 2024, foi severamente impactada por fraudes cometidas em municípios vizinhos.
Entre os principais responsáveis pelo risco, o caso de São Pedro da Água Branca chega a ser vergonhoso e colocou na berlinda o candidato a prefeito, Samuel Ribeiro (PL), flagrado protagonizando uma verdadeira campanha para transferência de votos de Imperatriz para o município pelo qual se elegeu prefeito. Ribeiro aparece em vídeo admitindo que eleitores de Imperatriz transferiram seus títulos para apoiar sua candidatura.
“Vocês são de Imperatriz (…) Vocês não têm interesse na cidade de São Pedro da Água Branca. Mas vocês podem contribuir para o futuro melhor daquela cidade. Vocês podem contribuir de que forma? Dando continuidade nesse projeto”, afirmou Ribeiro em tom explícito, reforçando a natureza deliberada das fraudes.
O impacto dessa manobra não se limita ao prejuízo causado à cidade de Imperatriz, mas também levanta questões sobre a legitimidade do resultado em São Pedro da Água Branca. Ao permitir que eleitores alheios ao município decidam o futuro da cidade, os responsáveis não apenas desrespeitam a lei, mas também comprometem a representatividade local.
A disputa entre Samuel Ribeiro (PL) e Marília Gonçalves (MDB) foi acirrada nas eleições, com o candidato do PL alcançando 4.424 votos, ou 52,23% dos votos válidos, enquanto Marília obteve 4.047 votos, representando 47,77% do total. A diferença entre os dois, de 377 votos, corresponde exatamente ao número de títulos eleitorais transferidos ilegalmente de Imperatriz para o município de São Pedro de Água Branca. Esses títulos transferidos podem ter influenciado diretamente o resultado da eleição, favorecendo o candidato Samuel Ribeiro.
A atitude de Samuel Ribeiro, longe de representar a “política do amor” mencionada em seu discurso, simboliza um retrocesso para a democracia. Ao invés de propor projetos para a melhoria de São Pedro da Água Branca, o prefeito eleito parece ter preferido conquistar votos de forma ilícita.
Um vídeo obtido pela reportagem mostra eleitores sendo transportados em vans lotadas, em clara tentativa de manipular o processo eleitoral no município. Na gravação, uma eleitora flagrada no local ironiza a situação: “O pessoal lotando outra van aqui, tem que mandar mais ônibus que as vans não estão dando conta, não. A bagaceira aqui tá é grande.” As imagens revelam o uso intensivo de veículos para deslocar moradores de uma cidade a outra, evidenciando a organização de um esquema que afronta as leis eleitorais.
A campanha
Antes da campanha eleitoral do ano em curso, ainda dentro do prazo de regularização do domicílio eleitoral, o juiz Delvan Tavares, liderou a vitoriosa campanha de mobilização pela realização do segundo turno em Imperatriz para. Em Março, ele anunciou que a cidade estava perto de atingir a meta, enquanto o então pré-candidato se mobilizava para tirar eleitores do município para São Pedro da Água Branca.
Mas o juiz também lamentou sobre as transferências fraudulentas de títulos eleitorais para cidades menores da região, realizadas com o objetivo de desviar eleitores de Imperatriz. Essas manobras, promovidas por políticos com interesses locais, configuram um crime eleitoral grave.
O juiz enfatizou que as fraudes devem ser investigadas pela Polícia Federal. Ele ressaltou que tanto os eleitores que participaram do esquema quanto os políticos que o organizaram devem responder criminalmente. Segundo ele, o crime já foi consumado, e agora cabe às autoridades punir os envolvidos para restaurar a integridade do processo eleitoral.