O empresário Gibson César Soares Cutrim, suspeito de assassinar João Bosco no último dia 19 de agosto, no edifício Tech Office, no bairro da Ponta d’Areia, se entregou na tarde de ontem (29) na sede da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), na Avenida Beira-Mar.
Em seu depoimento, Gibson relatou que o vereador Beto Castro estava exigindo 50% de um pagamento de R$ 788 mil da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), o que acabou desencadeando o homicídio.
O suspeito revelou, ainda, que há cerca de um mês e meio um advogado chamado Jean, seu conhecido, pediu-lhe uma ajuda na liberação de um valor que a Secretaria de Educação devia à empresa de segurança H. C EIRELI que Jean disse que lhe daria 30%. Gibson que informou ao advogado que teria que envolver mais uma pessoa nesta negociação, que seria o vereador Beto Castro, pois este, com sua influência, poderia ajudar na liberação do valor.
Com a concordância de Jean, o suspeito disse que acionou Beto Castro afirmando que daria a ele 20%, caso conseguisse a liberação do dinheiro junto à Seduc: no total, R$ 778.000,00.
Acrescentou que Castro aceitou a proposta e começou a agir para a liberação desse valor. No dia 17 de agosto, segundo o acusado, o vereador falou que queria receber 50% do valor, exigindo o dinheiro de qualquer maneira. O autor do crime disse que não tinha como o advogado aumentar o valor.
Conforme disse o suspeito, a cada meia hora Beto Castro ligava e sempre com a mesma conversa, exigindo do interrogado os 50%. Numa das vezes, o vereador passou o telefone para o cobrador, que ele sabia tratar-se de Bosco, o qual não conhecia pessoalmente, mas já tinha noção de quem se tratava, pois era conhecido como cobrador aqui da cidade e tinha fama de sequestrador e matador de gente. Também afirmou que ele era cobrador pessoal de Beto Castro, inclusive, tendo recebido uma comenda na Câmara Municipal de São Luís.
No dia seguinte (19), por volta das 08h, o interrogado ligou seu telefone quando viu várias ligações de Beto, que ligou novamente, tendo Gibson atendido. Na conversa, ele disse que era para resolver, e, em seguida, passou o telefone para Bosco, que, de início, perguntou onde o interrogado estava, pois queria se encontrar naquela mesma hora para resolver imediatamente.
Acrescentou que Bosco lhe disse, também, que sabia tudo de sua vida, que ele tem dois filhos, sabia do seu endereço, sabia onde os filhos do interrogado estudavam, ameaçando em seguida sequestrar seu filho mais novo, de nome Luan, de 9 anos de idade, caso o interrogado não pagasse.
Diante das ameaças, principalmente contra seus filhos, o acusado disse que ficou desesperado, pegou uma arma guardada em sua casa e saiu, levando uma pistola 840, calibre .40, marca Taurus.
Enquanto isso, segundo ainda o suspeito, Beto Castro ficou ligando para um irmão do suspeito e para o seu pai, com o qual discutiu. Foi então marcada uma reunião no Tech Office. Ali, encontrou Beto Castro e Bosco em uma mesa do Tapioca da Ilha.
Depois de uma rápida conversa, Gibson (Júnior) disse que decidiu ir embora. Levantou-se para retornar ao seu carro, que estava estacionado na Fribal. Disse que enquanto caminhava, Beto Castro e Bosco lhe acompanhavam e tentavam convencê-lo a ir até o carro do vereador.
Disse que não quis ir para o carro de Beto e que sua vontade era de ir embora. Mas, segundo ele, Bosco e Beto Castro não deixavam o depoente ir.
No caminho, conforme o depoente, Beto falou: “Resolve isso hoje, esse cara (referindo-se a Bosco) vai fazer tudo que ele disse”.
Bosco então completou:
“Rapaz, deixa de mão, deixa comigo, vou agarrar o filho dele hoje mesmo”. Júnior disse que nessa hora ficou transtornado, imaginando Bosco agarrando seu filho e acabou tirando a pistola da sua bolsa e atirando por três vezes em Bosco.
Em seguida, foi na direção do seu carro e fugiu, jogando a pistola de cima da ponte do Jaracati, tendo a arma caído no mar.