“Orçamento Secreto” será de quase R$ 25 bilhões

No cenário político brasileiro, a destinação de emendas parlamentares, previstas no Orçamento de 2024, torna-se alvo de críticas devido à falta de transparência. Dos vultosos R$ 53 bilhões destinados a esse fim, aproximadamente metade, expressivos R$ 24,8 bilhões, são alocados em emendas de comissão e nas chamadas “emendas Pix”. Essas modalidades de repasse despertam questionamentos quanto à visibilidade e controle público sobre o destino desses recursos.

O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a campanha eleitoral, destacou-se como crítico da opacidade associada às emendas, na época denominadas “emendas de relator” com a rubrica RP-9, popularmente conhecidas como “Orçamento secreto”. No entanto, apesar das críticas anteriores, não está previsto que o presidente vete essas práticas. O Orçamento, aprovado no final do ano pelo Congresso, aguarda análise do Executivo.

As emendas de comissão, identificadas pelo código RP-8, totalizam cerca de R$ 16,7 bilhões. Nessa categoria, os nomes dos autores das indicações são omitidos, exibindo apenas o nome do colegiado responsável. Já nas transferências especiais, ou emendas Pix, que alcançam a cifra de R$ 8,1 bilhões, os autores são conhecidos, mas a transparência em relação ao uso efetivo dos recursos permanece opaca.

A ausência de detalhes sobre o destino final desses vultosos montantes levanta preocupações quanto à accountability e à fiscalização efetiva por parte da sociedade. A pressão por maior transparência no uso desses recursos públicos se intensifica, destacando a necessidade de um debate aprofundado sobre as práticas orçamentárias e o papel do Legislativo na alocação e fiscalização de verbas públicas.

Orçamento: acordo prevê emenda individual de R$ 3,7 mi para cada deputado do MA

O secretário adjunto de Planejamento do Estado do Maranhão, Roberto Matos, em reunião com a Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, apresentou um acordo feito com os deputados estaduais para que o valor da emenda individual seja de R$ 3,7 milhões para cada deputado.

Em entrevista, Roberto Matos afirmou que a Lei Orçamentaria Anual – LOA será votada nos próximos dias e será sancionado pelo governador até o final do ano. Segundo ele, o orçamento total está estimado em 25,7 bilhões.

O relatório preliminar sobre o orçamento já foi aprovado, conforme os percentuais de cada área, como exige a legislação.

Agora, o Projeto de Lei Orçamentária Anual – PLOA-2023 segue para a inclusão de emendas dos deputados e, depois, para discussão e votação no plenário da Casa.

 

Promessa é dívida, mas as do próximo governo terão que ser pagas em parcelas

Durante a campanha, o presidente eleito Lula prometeu manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e pagar um adicional por criança, dar aumento real para o salário-mínimo, elevar a faixa de isenção do imposto de renda. Promessas que demandam (muito) dinheiro.

No entanto, o orçamento que o governo Bolsonaro mandou para o Congresso para o ano que vem prevê um rombo de R$ 63,7 bilhões. Isso sem incluir sequer os R$ 200 extras do Auxílio Brasil que o próprio presidente atual prometeu manter em 2023. Sem falar nas verbas insuficientes para o Farmácia Popular, a merenda escolar, o Casa Verde e Amarela, entre outros.

Achar dinheiro para bancar os gastos prometidos será como tirar leite de pedra. E não vai ser possível fazer tudo de uma vez. Com isso, a expectativa é que algumas das promessas de Lula podem ficar para 2024 ou além. A mais provável delas é a mudança na tabela do imposto de renda – porque, entre outros motivos, afeta mais a classe média do que os mais pobres, que sofrem mais com a crise atual.

A equipe do próximo governo já trabalha na chamada ‘PEC da transição’ – uma proposta de emenda constitucional para ‘reformar’ o Orçamento, colocando uma série de despesas previstas fora do teto de gastos, que na prática, permitiria ao governo gastar mais. Mas também significaria mais dívidas.

O desafio é fazer tudo isso sem ‘assustar’ o mercado, sob pena de mais descontrole nas contas públicas, mais inflação, juros maiores, dólar mais caro.