Moraes autoriza acesso de Carlos Bolsonaro a processo sobre Abin

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou, na noite de quarta-feira (31), o acesso do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao inquérito que investiga o monitoramento ilegal de autoridades e cidadãos públicos por meio da Agência Brasileira de Inteligência, que ficou conhecido como Abin Paralela.

As informações são da CNN. Carlos foi alvo de uma das operações da Polícia Federal no âmbito do inquérito, na segunda-feira (29/1), e a defesa dele pediu acesso ao processo. O vereador teve endereços ligados a ele submetidos a mandados de busca e apreensão.

A Polícia Federal investiga se Carlos foi “destinatário” ou “beneficiário” das informações obtidas ilegalmente pela Abin. Ex-assessores de Carlos e um funcionária da Abin também foram alvos da operação. Computadores, celulares e documentos foram apreendidos.

Demissão do nº 2 da Abin

O presidente Lula (PT) demitiu, na terça-feira (30/1), o diretor-adjunto do órgão, Alessandro Moretti. Além disso, outras quatro pessoas da agência também foram demitidas. A suspeita é de envolvimento ou conhecimento dos ex-integrantes com o esquema ilegal.

Ex-diretor da Abin alertou governo sobre riscos de protestos

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo da Cunha, prestou depoimento à CPMI do 8 de janeiro, revelando que foram enviados 33 alertas de inteligência sobre o monitoramento dos manifestantes, entre os dias 2 e 8 de janeiro.

Segundo Cunha, os órgãos de segurança do GDF e alguns órgãos do governo federal já tinham conhecimento, a partir da tarde do dia 7, sobre a possibilidade de uma manifestação com grande participação de pessoas. Parte dos alertas foi encaminhada diretamente ao então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, via WhatsApp.

“O que nós não tínhamos ainda efetivamente era a ‘qualidade’ desses passageiros. Ou seja, se havia ali entre eles, já imiscuído, algum extremista, alguém portando armas, essa informação nós não tínhamos. Mas nós informamos sim, uma atividade não usual na chegada para Brasília […] Na tarde do dia 7, os órgãos de segurança do GDF e alguns órgãos do governo federal já tinham, sim, uma ideia de que nós teríamos pelo menos uma manifestação com grande participação de pessoas”, afirmou Cunha.

O ex-diretor também relatou que, por volta das 8 horas do dia 8 de janeiro, enviou mensagem via WhatsApp informando sobre a quantidade de ônibus que estavam chegando a Brasília, o que gerou preocupação no ministro. Posteriormente, por volta das 13h30, alertou o general G. Dias por telefone sobre a possibilidade de invasão das sedes dos poderes da República.

Além das mensagens no WhatsApp, também foram enviados dois relatórios sobre os alertas. O primeiro relatório foi modificado para retirar o nome do ex-ministro chefe do GSI como destinatário, mas Cunha evitou usar a palavra “adulteração” ao descrever a alteração.