Mercado vê ataque de Lula ao BC como “tiro no pé”

As críticas de Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC), que se intensificaram nos últimos dias, são um “tiro no pé” e podem gerar resultado inverso ao que, em tese, pretende o presidente da República. É o que avaliam economistas e analistas do mercado financeiro, que reprovam a forma com que o petista tem se referido à autoridade monetária do país.

No início da semana, ao participar da posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse que não há justificativa para que a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, esteja no patamar atual – de 13,75% ao ano.

“Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,5% (sic). É só ver a carta do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que deram para a sociedade brasileira”, afirmou. “O problema não é a independência do Banco Central. É que este país tem uma cultura de viver com o juro alto que não combina com a necessidade de crescimento que temos”, prosseguiu Lula.

Para Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset, Lula erra na forma e no conteúdo das declarações. “As falas do Lula são contraproducentes e vão acabar gerando efeito negativo e com sinal contrário ao que ele gostaria. É um erro de estratégia de política econômica, uma crítica sem pragmatismo”, salienta o especialista.

“Além disso, esse tipo de declaração do presidente da República atrasa o corte de juros pelo BC, sem dúvida, o que vai contra o que o próprio Lula deseja. Justamente por isso, é um tiro no pé”, completa Barros.

Para Hugo Queiroz, estrategista-chefe e diretor do TC, alguns pontos defendidos por Lula e por setores do governo e do PT – como a diminuição da meta de inflação – devem ser discutidos, mas sem a retórica virulenta do palanque.

“O tom das declarações é muito ruim. A forma não é boa, é buscando sempre o conflito, sem embasamento, sem fundamentar a argumentação. É muito característico do que a gente chama de jogar para a galera”, frisa.

“Todo mundo deveria sentar à mesa e discutir uma agenda econômica para o país, uma agenda pró-mercado: o Legislativo, o Executivo e o BC. Essa discussão é válida, mas o presidente não tem fundamento, não tem conhecimento. Está simplesmente sendo bravateiro e gerando ruídos”, conclui Queiroz.

Flávio Dino volta a criticar postura de Bolsonaro na Presidência da República

O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), partiu para cima do presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), no final de semana.

Dino publicou uma mensagem em que questiona as atitudes, funções e falta de gerenciamento de Bolsonaro como presidente do Brasil.

“Expediente curtinho. Agenda vazia. Vive batendo papo e contanto “piadas”. Férias como nenhum outro na história. Não tem obras próprias para inaugurar. Não perde um passeio de moto e de jet-ski, mesmo em horário de expediente. O rótulo de preguiçoso é coerente com os fatos”, disse Flávio Dino.

 

Covid-19: Flávio Dino aplica mais uma agulhada em Bolsonaro

Como a maioria dos brasileiros que está de olho no vexame que o país está passando, de referência mundial em vacinas para dependente de outros países neófitos na área, o governador Flávio Dino (PCdoB) disparou mais uma contra o principal artífice da vergonha alheia: o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

“Nossa política externa tinha nos BRICS um dos seus pilares. Então veio esse delírio de submissão aos Estados Unidos. Agora de quem podemos ter insumos e vacinas? Exatamente dos países dos BRICS: China, Índia e Rússia. Ou seja, um delírio ideológico está cobrando alto preço”, alfinetou.

Além de vexame, o país passa por uma situação humilhante, causada, também, pelas falas toscas e mesquinhas não só do presidente como dos filhos que arrotam, constantemente, asneiras contra a China.

Resultado: os insumos para produção da CoronaVac estão sendo congestionados pela “burocracia chinesa”, numa clara retaliação à família falastrona, cuja consequência recai sobre a população brasileira.

Na mesma linha de Flávio Dino, a propósito, reagiu o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Ele disse hoje esperar uma rápida solução para o atraso da vinda de insumos da China, necessários para que a instituição produza novas doses da CoronaVac, a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.

Covas foi ainda mais direto e cobrou “dignidade” do presidente Jair Bolsonaro para que ajude a agilizar a liberação do produto pelo governo chinês. “Se a vacina agora é do Brasil, que o nosso presidente tenha a dignidade de defendê-la e de solicitar inclusive apoio do seu Ministério de Relações Exteriores na conversa com o governo da China”, cobrou.