Doação milionária para Boulos causa intriga dentro do PT

A doação de R$ 30 milhões do fundo eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) para a campanha do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à Prefeitura de São Paulo gerou mal-estar na Executiva Nacional da sigla. O caso ganhou repercussão na imprensa nesta quinta (5).

A insatisfação não é apenas pelo valor transferido. Também se deve à forma como o repasse foi feito, ignorando as instâncias partidárias, conforme o jornal Folha de S.Paulo.

O veículo de comunicação relatou que, no grupo de WhatsApp da direção do PT, o secretário de relações internacionais do partido, Romênio Pereira, expressou sua preocupação.

Ele apontou que a transferência dos recursos ocorreu no dia 2, antes de a Executiva Nacional discutir o assunto, previsto para a reunião da próxima terça (10).

“É inaceitável que uma decisão tão relevante, que afeta todos os membros do partido e nossas estratégias eleitorais, tenha sido tomada sem o devido debate e deliberação na instância competente”, disse Pereira, de acordo com a Folha.

O secretário petista é contra a doação de mais recursos para Boulos. Para ele, a verba poderá faltar para campanhas da legenda pelo país. Ele ressaltou, no entanto, que se submete a uma decisão da executiva do PT, mesmo que seja contra sua posição.

No grupo, a tesoureira do PT, Gleide Andrade, explicou que antecipou os depósitos do fundo eleitoral porque o Tribunal Superior Eleitoral exige o depósito dos fundos destinados a candidaturas de mulheres e pessoas negras até 8 de setembro.

Gleide Andrade esclareceu que transferiu o repasse para a campanha de Guilherme Boulos como uma doação para a campanha da candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo psolista, Marta Suplicy (PT).

“Todos aqui sabemos da importância política da eleição do Boulos”, disse Gleide. “Ganhar a maior capital do país é fundamental para nosso projeto político a longo prazo, e sobretudo para 2026.”

Lula lança programa que destina imóveis sem uso para habitação

O presidente Lula anunciou o lançamento do Programa de Democratização dos Imóveis da União, uma iniciativa voltada para destinar imóveis federais sem uso para habitação, com foco em atender a população em situação de vulnerabilidade.

Em alguns casos, a transferência desses imóveis será feita sem custos.

O programa faz parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e está operando em quatro linhas prioritárias. A primeira tem como objetivo a provisão habitacional, contemplando imóveis do Minha Casa, Minha Vida e locação social.

A segunda linha de prioridade se concentra na regularização fundiária, proporcionando títulos de terras e urbanização de assentamentos precários. A terceira abrange políticas públicas e programas estratégicos, extrapolando o campo da moradia para incluir serviços públicos em saúde e educação.

A última linha contempla empreendimentos e diversos usos em áreas urbanas, explorando oportunidades para parcerias público-privadas ou permutas para atrair investimentos.

Existem quatro modalidades de repasse dos imóveis:

  • Cessões gratuitas, onerosas ou em condições especiais;
  • Doações com encargos para provisão habitacional, regularização fundiária ou empreendimentos sociais permanentes;
  • Entrega para órgãos federais dos Três Poderes;
  • Alienação/permuta, envolvendo a troca de imóveis da União por outro ou nova construção.

O programa, desenvolvido pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, liderado pela ministra Esther Dweck, alega valorizar o patrimônio da União, indo além da simples venda de imóveis sem uso para pagamento de juros de dívidas.

Segundo Esther Dweck, a lógica é utilizar o patrimônio para valorizá-lo, e a venda, muitas vezes, pode representar uma desvalorização.

“A gente quer conseguir dar habitação a essas famílias. O governo tem um programa já dedicado a isso, mas a gente pode usar o patrimônio da União para baratear esse programa, inclusive”, afirmou a ministra.