Investimento estrangeiro no Brasil despencou 40% neste ano

O relatório do Banco Central divulgado nesta segunda (6) mostra que o investimento estrangeiro direto no setor produtivo do Brasil sofreu uma queda acentuada de 40% este ano.

De janeiro a setembro, o país registrou uma entrada de US$ 41,6 bilhões, em comparação com os US$ 68,8 bilhões do mesmo período do ano anterior.

Esse declínio representa o segundo pior desempenho em 14 anos, superando apenas o valor registrado em 2020, durante os estágios iniciais da pandemia de Covid-19.

O cenário atual revela uma redução contínua do investimento estrangeiro direto em relação ao tamanho da economia brasileira, com uma queda substancial em relação aos últimos anos.

As projeções anteriores do Banco Central e do mercado financeiro já haviam indicado uma redução no investimento estrangeiro direto para 2023, com números revisados em baixa em setembro deste ano.

O saldo do investimento direto em 2022 atingiu um recorde de US$ 87,2 bilhões, destacando a severidade do declínio recente.

Mercado vê ataque de Lula ao BC como “tiro no pé”

As críticas de Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC), que se intensificaram nos últimos dias, são um “tiro no pé” e podem gerar resultado inverso ao que, em tese, pretende o presidente da República. É o que avaliam economistas e analistas do mercado financeiro, que reprovam a forma com que o petista tem se referido à autoridade monetária do país.

No início da semana, ao participar da posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse que não há justificativa para que a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, esteja no patamar atual – de 13,75% ao ano.

“Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,5% (sic). É só ver a carta do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que deram para a sociedade brasileira”, afirmou. “O problema não é a independência do Banco Central. É que este país tem uma cultura de viver com o juro alto que não combina com a necessidade de crescimento que temos”, prosseguiu Lula.

Para Gabriel Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset, Lula erra na forma e no conteúdo das declarações. “As falas do Lula são contraproducentes e vão acabar gerando efeito negativo e com sinal contrário ao que ele gostaria. É um erro de estratégia de política econômica, uma crítica sem pragmatismo”, salienta o especialista.

“Além disso, esse tipo de declaração do presidente da República atrasa o corte de juros pelo BC, sem dúvida, o que vai contra o que o próprio Lula deseja. Justamente por isso, é um tiro no pé”, completa Barros.

Para Hugo Queiroz, estrategista-chefe e diretor do TC, alguns pontos defendidos por Lula e por setores do governo e do PT – como a diminuição da meta de inflação – devem ser discutidos, mas sem a retórica virulenta do palanque.

“O tom das declarações é muito ruim. A forma não é boa, é buscando sempre o conflito, sem embasamento, sem fundamentar a argumentação. É muito característico do que a gente chama de jogar para a galera”, frisa.

“Todo mundo deveria sentar à mesa e discutir uma agenda econômica para o país, uma agenda pró-mercado: o Legislativo, o Executivo e o BC. Essa discussão é válida, mas o presidente não tem fundamento, não tem conhecimento. Está simplesmente sendo bravateiro e gerando ruídos”, conclui Queiroz.

Mercado financeiro eleva projeção da inflação de 5,74% para 5,78%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerada a inflação oficial do país – subiu de 5,74% para 5,78% para este ano. A estimativa consta do Boletim Focus de hoje (6), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), em Brasília, com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2024, a projeção da inflação ficou em 3,93%. Para 2025 e 2026, as estimativas são de inflação em 3,5%, para ambos os anos.

A previsão para 2023 está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o superior de 4,75%.

Da mesma forma, a projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista – 3% – também com os intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual.

De acordo com o Banco Central, a inflação só ficará dentro da meta a partir de 2024, quando deverá se situar em 3%, e em 2025, (2,8%). Para esses dois anos, o CMN estabelece uma meta de 3% para o IPCA.

Em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que é a prévia da inflação, teve aumento de 0,55% [, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2022, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou com uma taxa de 5,79% acumulada no ano. A meta estava em 3,5%, com a mesma margem de tolerância, e podia variar entre 2% e 5%.