Interpol confirma delegado maranhense como primeiro brasileiro a chefiar organização

O delegado da Polícia Federal brasileira Valdecy Urquiza foi oficialmente confirmado nesta terça (5), como o novo secretário-geral da Interpol, se tornando o primeiro brasileiro e também o primeiro cidadão de um país em desenvolvimento a ocupar o mais alto posto na maior organização policial do mundo. O anúncio aconteceu durante a Assembleia Geral da Interpol, realizada em Glasgow, Escócia, após sua eleição pelo Comitê Executivo da entidade, composta por forças policiais de 196 países.

Com um mandato inicial de cinco anos, prorrogável por mais cinco, Urquiza, que atualmente é vice-presidente para as Américas da Interpol, assumirá suas novas funções em 2025, substituindo o alemão Jürgen Stock, que ocupava o cargo desde 2014.

Nascido em São Luís, Urquiza tem uma carreira marcada pela atuação contra o crime organizado e pelo fortalecimento da cooperação policial internacional. Graduado em direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), ele ingressou na Polícia Federal em 2004, onde comandou a delegacia de crimes ambientais no Maranhão. Ao longo de sua trajetória, Urquiza ocupou cargos estratégicos na corporação, incluindo a Diretoria de Tecnologia da Informação e a Divisão de Cooperação Policial Internacional.

Com experiência internacional, ele já coordenou operações da Interpol voltadas para o combate ao tráfico de seres humanos e à exploração sexual infantil na internet. Urquiza também passou por programas de formação na Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), em Tóquio, e na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, onde estudou Justiça Criminal e Ciências Políticas.

A Interpol, fundada em 1923 e sediada em Lyon, França, é uma organização intergovernamental que tem como objetivo facilitar a cooperação policial em nível mundial. Uma das principais ferramentas da entidade é a emissão de alertas, como o alerta vermelho, que permite a localização e detenção de criminosos em qualquer país membro.

Interpol recusa inclusão de envolvidos nos atos de 8 de janeiro na lista vermelha

A Interpol não incluiu os brasileiros envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que fugiram para o exterior, em sua lista vermelha, apesar do pedido formal do Judiciário brasileiro. Segundo fontes internas da organização, consideradas anônimas em reportagem exclusiva da Revista Oeste, há dificuldades em atender à solicitação por entender que os crimes pelos quais essas pessoas foram processadas ou condenadas no Brasil têm natureza política, o que foge da competência da Interpol. Além disso, a modalidade dos processos também gera questionamentos internos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia acionado a Interpol em maio de 2024 contra os envolvidos que deixaram o Brasil, mas até o momento, nenhum dos nomes foi inserido na lista vermelha. Atualmente, a lista inclui 51 brasileiros procurados por crimes comuns, como homicídios e fraudes, mas não contém acusados pelos eventos de 8 de janeiro. Segundo a reportagem, aproximadamente 400 brasileiros envolvidos nesses atos estão exilados na Argentina, onde receberam proteção temporária com base em alegações de perseguição política.