O pré-candidato ao Governo do Maranhão, Lahésio Bonfim (PSC), responde a um processo judicial por suposto erro médico em um parto malsucedido. O procedimento aconteceu no Hospital São José de Balsas em 2013 tendo como vítima uma mãe adolescente que na época tinha apenas 16 anos de idade.
Conforme relato da família, no dia 13 de dezembro daquele ano a adolescente começou a sentir contrações e deu entrada no hospital às 9h da manhã. Por volta das 18h30, após o rompimento da bolsa (amniótica), a jovem foi encaminhada ao centro cirúrgico.
Consta nos autos do processo que durante o trabalho de parto a adolescente foi submetida a “extremos e constantes esforços para expulsar o feto, na insistência (da equipe médica) por um parto normal”. Às 02h10 o bebê “foi arrancado pelo médico, mediante uso de força”.
A família também informou que, um dia após o parto, a criança recebeu alta hospitalar, apesar de um choro intenso e a observação da avó materna sobre danos visíveis a clavícula direita do bebê.
Preocupados com o desconforto da criança, no dia 27 de dezembro a família da adolescente procurou uma médica particular, que após exames concluiu o diagnóstico como “provável lesão de plexo braquial (clavícula) ocorrido durante o parto. Em uma nova consulta com um ortopedista, a lesão foi confirmada e com provável necessidade de cirurgia para correção”.
O blog do Matias Marinho teve acesso ao extrato do processo, identificando que o médico que realizou o parto “normal”, “arrancando o bebê, mediante uso de força”, foi Lahésio Rodrigues Bonfim, que dois anos e dois meses depois se tornaria prefeito de São Pedro dos Crentes, reeleito em 2020, e que agora é pré-candidato ao governo do Maranhão.
A juíza da Primeira Vara de Balsas determinou que o Hospital São José de Balsas e o médico Lahésio Rodrigues Bonfim assumissem “efetivo tratamento (…) para correção da sequela, até o término do feito (processo)”, pedindo indenização pelos danos. O prazo era de 15 dias. Segundo a família da criança, as decisões da juíza, a primeira e todas as demais, foram ignoradas por Bonfim e não surtiram efeito.
Os réus foram alvos de pedido da juíza, ao Ministério Público e à polícia, para que se apurassem crimes de desobediência. Em dezembro de 2014, numa audiência de tentativa de acordo, a família da vítima pediu R$ 30.000,00 mais o equivalente aos honorários advocatícios.
Lahésio e o hospital propuseram R$ 8.000,00, que não foram aceitos. Então, ficou determinado que os réus bancariam o tratamento, com viagens da vítima e acompanhantes, mais despesas com alimentação, hospitais, medicamentos etc.
Diante das negações, a família da jovem recorreu a agendamentos no Hospital da Rede Sarah, de São Luís, que é gratuito. No início do tratamento, a Prefeitura de Balsas ajudou no custeio de despesas e viagens da criança, porém, aos poucos, foi cessando o auxílio e, consequentemente, interrompendo o tratamento.
Segundo o processo, durante esse período mais de 20 profissionais já foram intimados pela juíza e até pelo Tribunal de Justiça. Todos declinaram da missão, alegando motivos diversos.
Atualmente, a menina A. C. N. S., de 8 anos de idade, convive com a deficiência física sem tratamento e não terá a mobilidade do seu membro superior direito por toda a vida.
Outro lado
A assessoria de imprensa do pré-candidato ao Governo do Maranhão informa que nunca houve um parecer técnico ou a apresentação de um laudo médico nesse processo, portanto, é um grave erro levar a entender que ocorreu uma falha médica.
Ressalta ainda que durante os 20 anos de profissão, o dr. Lahésio Bonfim sempre trabalhou pautado na ética e profissionalismo, assim como honrou cada um dos seus pacientes, cumprindo com o juramento que fez de cuidar, tratar e dar o suporte de vida a todas as pessoas que Deus colocou em suas mãos.
Cabe destacar também que a cada mil partos normais realizados, uma criança está sujeita a desenvolver a lesão de plexo braquial durante a passagem pelo canal durante o procedimento. Apesar disso, dr. Lahésio sempre prestou auxílio e todo suporte necessário para a família, incluindo as despesas do tratamento e a entrada no Hospital Sara Kubistchek em São Luís.
Após concedido o TFD (tratamento fora do domicílio), a família parou de levar a criança para o tratamento. A situação foi comunicada à Justiça que entendeu que o TFD era o suficiente, tendo em vista que o médico e o hospital sempre estiveram à disposição da família e da criança.