Bolsonaro reduz orçamento para crianças e adolescentes e transforma infância em pauta de ordem moral

Mais de uma vez, o presidente Jair Bolsonaro repetiu que encontrou no Distrito Federal jovens venezuelanas que supostamente estariam se prostituindo nas ruas da capital.

Já a recém-eleita senadora Damares Alves insiste, sem apresentar qualquer prova, no relato de que garotas estariam sendo submetidas a tráfico humano na ilha do Marajó.

Embora os discursos do governo Bolsonaro se sustentem na defesa moral das crianças e adolescentes, o orçamento para as pautas de proteção infantil foi drasticamente reduzido nos últimos anos.

Em 2020, quando houve uma explosão dos casos de violência infantil e abuso sexual contra crianças e adolescentes, a pasta de Damares não executou nem metade do orçamento de R$ 900 milhões, aponta Fabiana Moraes, professora da Universidade Federal de Pernambuco e colunista do Intercept Brasil.

“É a lógica de manter a questão dentro de um discurso moral, não social ou de classe”, diz. “Isso coloca o problema para uma outra ordem e não relaciona por exemplo esses índices de violência ao próprio governo Bolsonaro.”

Segundo Damares, “crianças tiveram dentes arrancados para fazerem sexo oral”

A ex-ministra do governo Bolsonaro, eleita senadora no DF, Damares Alves (Republicanos), iniciou no sábado (08) a campanha na Assembleia de Deus Ministério da Fama em favor da reeleição do candidato do PL.

Segundo Damares, o inferno se levantou contra Bolsonaro porque ele ousou enfrentar uma máfia de tráfico de crianças de 3, 4 para uso sexual.

“Eu vou contar uma coisa para vocês que agora eu posso falar. Nós temos imagens de crianças nossas brasileiras com 4 anos, 3 anos, que quando cruzam a fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, disse Damares.

Ainda segundo a ex-ministra, as crianças eram alimentadas somente com comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal.

“Bolsonaro disse que nós vamos atrás de todas elas, e o inferno se levantou contra Bolsonaro… A guerra contra Bolsonaro… que o Supremo levantou, que a imprensa levantou, acreditem não é uma guerra política, é uma guerra espiritual”, ressaltou.

Damares ainda afirma que abrindo as gavetas do ministério descobriu que nos últimos 7 anos no Brasil explodiu o estupro de recém-nascidos. “Nós temos imagens de crianças de 8 dias sendo estupradas…”.

“Eu estou falando com a minha igreja. Eu tenho o manto constitucional para me expressar dentro da minha igreja. Tem coisa que eu não posso falar lá fora, mas aqui eu tenho a liberdade constitucional para manifestar a minha fé”, avisou.

Damares Alves desembarca com a primeira-dama Michelle Bolsonaro, em São Luís, na sexta-feira (14) para participar do evento “Mulheres com Bolsonaro”.