Emendas parlamentares enviadas pelo deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA) direcionaram milhões de reais para empresas ligadas a aliados políticos, incluindo familiares de suplentes.
Segundo uma investigação do Estadão, parte desse montante foi destinada à prefeitura de Zé Doca (MA), administrada por sua irmã, Josinha Cunha (PL), revelando possíveis irregularidades e falta de transparência no uso dos recursos.
Entre 2022 e 2023, Maranhãozinho destinou R$ 4 milhões em “emendas Pix” para Zé Doca, que, no total, recebeu R$ 80 milhões em emendas entre 2020 e 2024.
Com esses valores, a gestão municipal firmou contratos com empresas ligadas ao deputado, incluindo a Distribuidora Rodrigues Oliveira LTDA, responsável por fornecer merenda e materiais escolares.
A empresa pertence a André Rodrigues Seidel, irmão de Luciano Rodrigues Seidel, suplente e aliado de Maranhãozinho. As aquisições somam R$ 2,8 milhões, mas a prefeitura não detalhou os valores efetivamente pagos até o momento.
Além disso, outras três empreiteiras investigadas por ligação com Maranhãozinho – Terraplam Construções e Comércio, Pentágono Comércio e Engenharia, e Atos Engenharia – foram contratadas para obras de pavimentação, drenagem e reformas em Zé Doca.
O valor total dos contratos chega a R$ 20,1 milhões, parte desses recursos sendo provenientes do esquema do orçamento secreto, derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Essas empresas já haviam sido mencionadas em denúncias relacionadas ao uso de emendas parlamentares em troca de apoio político. Maranhãozinho foi flagrado em uma operação da Polícia Federal portando maços de dinheiro, intensificando as suspeitas sobre sua ligação com os recursos repassados.
Diante das denúncias de irregularidades, o STF suspendeu os repasses de emendas até que haja maior transparência e rastreabilidade no uso dos recursos.
O Congresso e o governo federal ainda não chegaram a um acordo sobre as novas regras, mas discutem um possível aumento no valor das emendas parlamentares.
O caso das emendas de Maranhãozinho segue sob investigação, e as suspeitas de que o deputado teria “vendido” emendas para beneficiar empresas próximas permanecem. O processo corre em sigilo no Supremo Tribunal Federal.
Procurados pela reportagem, o deputado Josimar Maranhãozinho, a prefeitura de Zé Doca e as empresas envolvidas não se pronunciaram.