Trata-se da intensificação de uma tendência observada desde o início do ano: no acumulado de 2024, o fluxo de investimento estrangeiro está negativo em 24,16 bilhões de reais. O movimento vai na contramão do final do ano passado, quando a bolsa registrou ingresso de 17,5 bilhões de dólares em dezembro e saldo positivo de 44,9 bilhões no acumulado de 2023.
A explicação vem dos Estados Unidos. Por lá, a data para o início dos cortes de juros ainda é incerta. No início desta semana, o dado de inflação mais forte do que o esperado, a 3,2% ao ano, renovou os temores de que a batalha do Fed contra a inflação ainda não tenha acabado – e que o afrouxamento monetário pode demorar a chegar. Contam também declarações de dirigentes do Fed indicando uma postura mais cautelosa em relação à inflação.
Para a reunião do FOMC (o comitê de política monetária dos EUA) desta semana, 99% dos agentes de mercado acreditam que os juros serão mantidos no atual intervalo de 5,25%–5,50%, segundo dados do FedWatch. É um recálculo de rota em relação ao início do ano, quando quase 70% dos investidores apostavam em um primeiro corte de juros já em março. Agora, a maioria (55,5%) do mercado acredita que a primeira redução de 0,25p.p virá em junho.
Os juros americanos estão em seu patamar mais elevado em 23 anos, o que aumenta a atratividade dos títulos públicos do país, os Treasuries. Com apostas renovadas sobre o início dos cortes, a procura pelos papéis voltou a crescer nos últimos meses. Na manhã desta segunda-feira, 18, os títulos com prazo de 10 anos, referência do mercado, são negociados com taxa de 4,3% – no início do ano, o patamar era de 3,8%.
Treasuries com rentabilidade alta reduzem a atratividade de investimentos em renda variável, em especial em países emergentes, mais arriscados. “Treasuries americanos são considerados praticamente livres de risco, por isso, eles acabam atraindo o capital”, explica Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.