A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou um aumento na proporção de pessoas com dívidas atrasadas e daqueles que não acreditam poder quitar esses atrasos.
Essa situação preocupa e impacta significativamente os brasileiros, com 30% deles enfrentando dívidas em atraso, um resultado igual ao de dezembro de 2022. Na oportunidade, Izis Ferreira, economista responsável pela Peic, explica que esse cenário se relaciona com a diversificação das modalidades de dívida que os consumidores possuem.
“Estamos falando de um consumidor [por exemplo] que tem dois, três cartões de crédito e um crédito pessoal ou consignado, um financiamento. Com mais modalidades de dívida, está difícil de esse consumidor conseguir pagar todas dentro do prazo de vencimento”, considerou a economista.
Outro aspecto alarmante da pesquisa é o número de consumidores que acreditam que não poderão pagar as contas em atraso, continuando inadimplentes. Esse número atinge 12,7%, o maior já registrado desde o início da série histórica em janeiro de 2010, especialmente afetando aqueles com renda de até três salários mínimos.
O cartão de crédito se destaca como a principal fonte de endividamento, afetando 85,5% dos consumidores. Outras modalidades de dívidas significativas incluem carnês (17,1%), crédito pessoal (9,2%), financiamento de carro (7,9%) e financiamento de casa (7,5%).
A pesquisa também revela que o tempo médio de comprometimento com dívidas é de 6,9 meses, enquanto o tempo médio de atraso nos pagamentos é de 63 dias. A parcela da renda comprometida com dívidas é de 29,9%.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio) estima que a proporção de endividados deve continuar diminuindo nos próximos meses, chegando a cerca de 77% entre setembro e outubro. No entanto, prevê um aumento no endividamento no final do ano, encerrando 2023 em torno de 78% do total de famílias.