Embaixador dos EUA reage à declaração de Lula

O embaixador Thomas Shannon, que já chefiou a embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) em Brasília durante as gestões anteriores do PT, reagiu à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Pequim, na China, de busca por uma moeda alternativa ao dólar americano.

Thomas Shannon afirmou que Lula repete narrativa da China e deve ter cuidado a respeito do que fala sobre a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. O posicionamento do embaixador americano ocorreu em entrevista ao jornal O Globo.

“São escolhas do Brasil, e serão problemas para o Brasil. Boa sorte com isso”, afirma Shannon, que defende a necessidade de os governos de Lula e Joe Biden, dos EUA, basearem sua relação na defesa da democracia em ambos os países.

O embaixador afirmou na entrevista que apesar do peso das recentes declarações de Lula, não está surpreso. Ele avalia, contudo, que ao retornar ao país, a realidade irá se impor ao petista.

“Não muito [surpreso], mas eventualmente o presidente Lula e sua equipe vão retornar ao Brasil e a realidade vai se impor. Terão de avaliar o que conseguiram. O Brasil, como [o presidente da França, Emmanuel] Macron, está apoiando a China em algumas questões, e, me pergunto, o que isso vai dar ao Brasil? Não acho que muita coisa”, disse.

Para o embaixador, Lula comete uma série de erros na condução das relações diplomáticas.

“Diria que sim, mas entendo que a China é um parceiro importante para o Brasil na economia global. Entendo que o Brasil quer ter uma relação positiva com a China. Mas, dito isto, o Brasil deve se apresentar como um país que define seus interesses, que articula esses interesses, e não parecer subserviente com ninguém. Hoje vejo o Brasil repetindo a narrativa da China, sem necessariamente obter algo importante para os interesses do Brasil”, pontuou.

Ele também falou sobre a visita de Lula à fábrica da Huawei, uma empresa considerada uma ameaça à segurança nacional dos EUA.

“Os EUA deixaram claro que a Huawei representa um desafio para os países que querem construir suas redes e sua infraestrutura digital. A Huawei pode usar essas estruturas para ter acesso a informações, que podem ser repassadas para o governo da China. É uma decisão que cada governo deve fazer. Nós deixamos claras nossas preocupações sobre segurança, confidencialidade”, pontuou.

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