Relógio de luxo de Lula avaliado em R$ 80 Mil não consta na lista de presentes oficiais

Um relógio de pulso da marca Piaget, avaliado em R$ 80 mil, usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está no centro de um debate recente, uma vez que não consta na lista oficial de presentes informada ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Em 2016, a coleção pessoal de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff foi alvo de um processo no TCU, quando diversos itens foram reportados como desaparecidos. Na ocasião, uma lista composta por 568 itens de presentes recebidos foi entregue à Corte de Contas como parte da prestação de contas.

Recentemente, em julho deste ano, o próprio presidente Lula revelou durante o programa “Conversa com o Presidente” que o relógio Piaget havia sido um presente do ex-presidente francês Jacques Chirac, durante as comemorações do Ano do Brasil na França, em 2005.

No entanto, de acordo com informações obtidas, a coluna teve acesso à lista completa dos 568 presentes que foram relatados pelo gabinete de Lula ao deixar o cargo presidencial, e o relógio Piaget, supostamente dado por Chirac, não consta no documento.

A situação fica mais complexa ainda pelo fato de que oito itens da lista de presentes foram reportados como perdidos, resultando em um pagamento de cerca de R$ 11 mil feito por Lula como ressarcimento. Segundo a assessoria do TCU, o relógio Piaget não estava entre os itens perdidos que tiveram reembolso.

O caso do relógio tem gerado atenção pública, sendo usado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como ponto de defesa diante de uma situação semelhante envolvendo um relógio Rolex dado a ele pela Arábia Saudita. O modelo, avaliado em R$ 360 mil e decorado com pedras preciosas, foi vendido nos Estados Unidos, mas posteriormente foi readquirido pelo advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, para ser devolvido, como solicitado pelo TCU.

Suíços se oferecem para consertar relógio destruído no Planalto

O governo brasileiro pode ter encontrado uma solução para recuperar o relógio do século 17 que foi destruído no Palácio do Planalto, durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro. De acordo com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a Embaixada da Suíça se ofereceu para intermediar o conserto da peça, feita pelo famoso relojoeiro francês Balthazar Martinot.

A oferta foi feita pelo embaixador Pietro Lazzeri, segundo a ministra. “Ele ofereceu uma ação de recuperação do relógio, porque tem empresa de restauradores com experiência nesse tipo de reforma que é centenária. Será, segundo eles, uma honraria e uma manifestação em favorecimento à democracia”, acrescentou, durante café da manhã com jornalistas.

A ministra lembrou que o relógio tem muitas peculiaridades, como uso de casca de tartaruga para sua confecção, o que torna ainda mais difícil o procedimento. Margareth Menezes disse que a única contrapartida solicitada pela empresa suíça é que haja um intercâmbio entre profissionais brasileiros e suíços.

O relógio, um presente concedido pela corte francesa a dom João VI, foi trazido ao Brasil em 1808. Das várias peças produzidas, apenas dois exemplares resistiram ao tempo. O outro está guardado no Palácio de Versalhes, em Paris.

A destruição da peça foi flagrada em vídeo, no interior do Palácio do Planalto, durante as manifestações golpistas. O responsável pelo ato de vandalismo já foi identificado. Trata-se de Antônio Cláudio Alves Ferreira, que foi posteriormente preso em Minas Gerais.