Sem qualquer comunicado e sem transmissão ao vivo, a Agência Espacial Brasileira lançou no último dia 14 no CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) foguete sonda 14-X S, o primeiro demonstrador da tecnologia hipersônica aspirada do Brasil.
Chamou a atenção da mídia especializada, o sigilo do evento, haja vista a importância do lançamento teste. Só após o resultado positivo, a Força Aérea Brasilera (FAB) postou no Twiiter sobre a realização da decolagem e, dois dias depois, um vídeo de 2:44, no YouTube mostrado mais detalhes (veja acima)
“Parece que estavam inseguros quanto ao resultado e só depois que deu certo, resolveram divulgar”, disparou Sérgio Sacani, maior divulgador científico no Brasil de assuntos relacionados.
Com o teste, o Brasil entra no seleto time dos países detendores da tecnologia de motor hipersônico. O veículo lançado atingiu 160 km de altitude, chegando a 200 km de distância.
O dia 28 de Abril vai ficar marcado para o setor aeroespacial no Brasil. Evidente que não se trata de uma grande descoberta astronômica com a assinatura de brasileiro ou mesmo do desenvolvimento de algum grande foguete que leve o homem à Lua.
Entretanto, a realização da chamada pública, que culminou com a escolha de quatro empresas especializadas em veículos lançador de pequeno porte para a utilização do Centro Espacial de Alcântara (CEA) pode sim ser considerado um grande passo para área espacial brasileira.
A base voltará a ser utilizada e com esse uso, o setor será finalmente aquecido, sobretudo financeiramente.
E é bom que se diga: o processo adotado foi o melhor caminho, haja vista que o Centro será utilizado com a devida obediência às suas limitações e, principalmente, evitando altos investimentos em infraestrutura.
Empresas e veículos
As empresas americanas Hyperion, Orion Ast, Virgin Orbit e a canadense C6 Launch foram as vencedoras da chamada pública realizada no último dia 28.
A Hyperion vai usar o Sistema de Plataforma VLS (Sisplat), provavelmente para lançamento orbital (até 750 de altitude, com carga de até 200 kg), por meio dos chamados foguetes VLS, maior expertise da empresa.
Já a Orion Ast vai usar a plataforma de Lançador Suborbital, para lançamentos de até 200 km de altitude. A empresa é especializada em produção de nanossatélite e cubesats, entre outros, e opera no ramo espacial com foguete suborbital.
Muito conhecida no mercado, a Virgin Orbit vai usar um aeroporto existente na base de Alcântara. Um detalhe já é considerado a grande vedete do processo de contratação realizado. É que a empresa é uma das poucas do mundo com expertise para lançamentos horizontais.
No seu catálogo, a Virgin Orbit possui um avião chamado Cosmic Girl, um Boeing 747, que leva debaixo da sua asa, o foguete LauncherOne. Como já aconteceu em voos testes, o avião vai decolar com foguete a certa altitude até que o equipamento seja lançado horizontalmente, a partir do Cosmic Girl.
Conforme revelou a empresa em seu Twitter, após o anúncio do certame, toda estrutura de lançamento será levada no próprio avião e depois de lançado, todo equipamento utilizado retornará na mesma aeronave para seu local de origem. Ou seja, um esquema muito interessante com gastos reduzidíssimos.
Por último, a canadense C6 Launch ficou com o Perfilador de Vento, que nada mais é do que um terreno em Alcântara, pronto para a implementação de uma plataforma de lançamento.
O foguete de aproximadamente 13 metros da C6 Launch, que também chega à altitude orbital, é estruturado para lançar nanossatélites, cubesats, entre outros aparelhos de até 30 kg. Nos termos do acordo, a empresa fica responsável pela construção da sua própria plataforma.