Em uma sessão solene realizada na manhã desta quarta-feira (19), o ex-presidente da República e renomado escritor José Sarney foi agraciado com a Medalha do Mérito Legislativo ‘Manuel Beckman’, a mais alta honraria concedida pelo Parlamento estadual do Maranhão. Aos 94 anos, Sarney expressou sua gratidão em um discurso marcado pela emoção e reconhecimento do seu legado.
“Quero agradecer a essa Assembleia Legislativa pela homenagem; a presidente e ao governador pela sua presença. Quero expressar a minha gratidão, que é a expressão do coração”, destacou Sarney, que completou este ano 94 anos.
Proposta pelo deputado Roberto Costa (MDB), a homenagem visou celebrar a trajetória de José Sarney, natural de Pinheiro, na Baixada Maranhense, cuja contribuição para a política e a literatura brasileiras é imensurável. A cerimônia reuniu autoridades do Maranhão e de outros estados, incluindo a presidente da Assembleia, deputada Iracema Vale (PSB), e o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB).
José Sarney foi recebido com honrarias dignas de sua importância. Acompanhado pelas principais autoridades da Assembleia, ele foi saudado pela Banda do Bom Menino e participou de um momento de autógrafos em uma réplica da mesa presidencial usada durante seu mandato entre 1985 e 1990. Na ocasião, autografou exemplares do livro “Saraminda” ao lado de duas crianças da Creche-Escola Sementinha.
O ex-presidente também passou em revista as tropas militares da Polícia Militar do Maranhão antes de se dirigir ao plenário, onde a sessão foi conduzida pela deputada Iracema Vale. Além do governador e de outros deputados, compuseram a mesa o ministro dos Esportes André Fufuca, o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador Froz Sobrinho, e outras autoridades de destaque.
Durante a abertura, foi apresentado um vídeo que destacou a trajetória de Sarney, evidenciando seu impacto na política, cultura e literatura brasileiras. Em seu discurso, Sarney expressou sua profunda gratidão pela homenagem e refletiu sobre sua carreira e o papel do Parlamento na sociedade.
“Portanto, eu quero dizer que esta cerimônia tem para mim um significado extraordinário que muito me comove e, ao mesmo tempo, é um reconhecimento que eu recebo com a maior honra e maior gratidão. A gratidão é a memória do coração. A vocês todos que comparecem a esta solenidade, eu quero dizer que a memória do meu coração é de gratidão”, afirmou Sarney.
Ele destacou a importância do Parlamento como o “coração da democracia”, enfatizando que é no Parlamento que o povo encontra sua verdadeira representação. Sarney, imortal das Academias Maranhense e Brasileira de Letras, é autor da frase “Não há democracia sem Parlamento livre”, que ilustra a parede ao lado da tribuna da Assembleia.
“O Parlamento é o coração da democracia, pois é o Parlamento que representa verdadeiramente o povo, onde o povo tem a oportunidade de se expressar, por meio dos seus representantes, sobretudo, sobre todas as coisas, criticar, até mesmo a si próprio, quando os representantes aqui transmitem aquilo que eles receberam no cotidiano”, disse.
No pronunciamento, Sarney também abordou a importância da Constituição de 1988 na redemocratização do Brasil, destacando seu orgulho por ter presidido essa transição histórica.
“Eu convoquei a Constituição de 1988 para a transição democrática, porque disse a Ulisses que, sem constituição, não há transição. E aí, juntos, resolvemos os problemas que tínhamos. Fizemos uma constituição que tem seus defeitos, que até hoje nós estamos modificando com medidas ou emendas constitucionais. Então, eu tenho absoluto orgulho de ter presidido a transição democrática e, durante a transição democrática, também nós conseguimos que o Brasil se transformasse na sexta economia do mundo”, explicou.
Sarney finalizou seu discurso exaltando sua paixão pelo Maranhão e a importância do dever e responsabilidade dos políticos maranhenses.
“Parabéns ao povo maranhense, que, sem dúvida, tem a ajuda da Assembleia, dos políticos maranhenses, com a consciência que eles devem ter da sua responsabilidade, do seu dever de servir, da honestidade do exercício das funções públicas para que, então, possamos ter aquilo que eu sempre digo: Maranhão, minha terra, minha paixão”, concluiu.