PDT é esvaziado e pedetistas históricos são acolhidos por Brandão em ato político antológico

Apoios expressivos continuam fortalecendo a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão para o governo do Estado. Depois de receber, na manhã desta quinta-feira (10), apoio da família do ex-governador Jackson Lago, à tarde foi a vez de ex-dirigentes e militantes históricos do Partido Democrático Trabalhistas (PDT) se unirem a Brandão, durante evento que ocorreu no Espaço Orienta, em São Luís.

Na oportunidade, foi entregue uma carta formalizando a adesão ao projeto do atual vice-governador, que, a partir do dia 31, sucederá o governador Flávio Dino, com sua desincompatibilização do cargo Executivo, a fim de concorrer a uma vaga no Senado Federal.

O grupo de militantes optou pela desfiliação do PDT por não aceitar apoiar a pré-candidatura de Weverton Rocha.

O motivo, segundo os ex-pedetistas, é por não se sentirem representados pelo projeto do senador, além de alegarem que as decisões realizadas pelo partido deixaram de ser discutidas em plenária, desde a morte de Jackson Lago.

“A candidatura pedetista ao governo do Maranhão foi imposta de cima para baixo, portanto, não foi discutida pelas lideranças e não é unanimidade entre filiados, principalmente entre os membros mais antigos”, diz um trecho da declaração.

Entre os manifestantes, estava o ex-presidente estadual do Movimento Negro do PDT no Maranhão, Cleiton Reis, que declarou apoio e garantiu a adesão do diretório. “A nossa luta não vai ficar em vão, e o que nós queremos declarar com muito orgulho, sentimento, coração, dizendo numa só palavra: Brandão, nós estamos contigo. O Movimento Negro do Maranhão hoje está aqui marchando com você”, disse.

Durante o evento, Brandão defendeu a continuidade do exitoso governo de Flávio Dino, do qual faz parte como vice atuante desde o início do primeiro mandato, em 2015, e falou em somar com a experiência de Jackson Lago.

“Recebi apoio da militância oriunda do PDT, partido de Jackson Lago. Saio daqui carregado de energia, com muita alegria e ao mesmo tempo com a responsabilidade de defender a bandeira desses pedetistas históricos, que é honestidade e trabalho, que eram lemas de Jackson. E nós, com certeza, vamos dar continuidade, pegar um pouco da experiência do Jackson, um pouco da experiência do governador Flávio Dino e fazermos um grande Governo, mais justo, mais solidário, um Governo de mais oportunidades ao povo do Maranhão”, garantiu Brandão.

Também presente, Wagner Lago reiterou a confiança em Carlos Brandão, em quem ele acredita estar preparado, principalmente após sete anos no governo do Estado, ao lado de Flávio Dino.

“Brandão se preparou para isso, junto com Flávio. Estabeleceu um Governo de credibilidade. Sete anos de experiência de vice-governador e de governador, porque sempre que o Flávio se afastava, o Brandão mantinha acesa aquela chama do progresso no Maranhão. O nosso partido é o Maranhão, é colocar uma pessoa qualificada, uma pessoa de mãos limpas, uma pessoa que não tem nenhuma acusação contra ele, não tem nenhuma dúvida da correção, da sua honestidade. É disso que o Maranhão precisa”, avaliou o irmão do ex-prefeito de São Luís, por três vezes.

Outra liderança pedetista, a ex-secretária da Mulher de Santa Rita, Cristina Gonçalves, se colocou ao lado de Brandão e pediu a continuidade das ações estaduais voltadas para a mulheres negra do estado.

“Nós estamos aqui, como mulher negra, trabalhadora, para pedir, em nome de todas as mulheres, que o Brandão fortaleça as políticas públicas, dando continuidade neste trabalho, através da Secretaria Estadual da Mulher, em todo o estado. Queremos mais respeito, mais qualificação e trabalho para as mulheres. Que sejam fortalecidas a agricultura, a segurança e, principalmente, a saúde”, pontuou.

Ex-presidente do PDT Diversidade diz ter sido vítima de homofobia no “Maranhão Mais Feliz”

O ex-presidente do PDT Diversidade, Jorge Beckman, abriu o verbo em vídeo contra seu ex-partido. Em tempos de luta por direitos e pelas liberdades individuais, sobretudo com relação à orientação sexual, o ex-pedetista afirma que foi vítima de perseguição e homofobia.

“Fui procurado pelo comando do partido para retirar a bandeira do movimento, a bandeira do arco-íris dos municípios que estava tendo a Caravana do Maranhão Mais Feliz”, denunciou.

No vídeo, Backman diz ter sentido na pele a desvalorização agressão ao movimento, cujo evento tinha na sua propaganda a promessa de ouvir a população do Maranhão.

Infeliz com o fato, ele jutifica sua saída do PDT do senador Weverton Rocha:

“É uma retirada. É um rompimento pela falta de valorização e falta de respeito ao movimento.

Artigo isento e de quem sabe ler a política do Maranhão

Sobre a atuação desastrosa do PDT em São Luís e as vitórias fakes do famigerado Weverton Rocha

Por Ribamar Corrêa

Algumas avaliações estão tentando cravar na crônica política estadual o registro de que nas três batalhas recentes da guerra prévia pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB) – as disputas para a Prefeitura de São Luís, para a presidência da Câmara Municipal e para o comando da Famem -, o senador Weverton Rocha (PDT) derrotou o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos).

Sem levar em conta as diferenças e as circunstâncias de cada um desses eventos, as avaliações causam a impressão de que o senador e presidente estadual do PDT se move no tabuleiro político arrebatando os troféus de todas as disputas em que está direta ou indiretamente ligado.

Nos três casos relacionados, a vantagem mais clara do senador se deu na Famem, com a reeleição do presidente Erlânio Xavier, seu operador mais fiel, numa eleição bem disputada, da qual os perdedores saíram de cabeça erguida. Na Câmara Municipal, o vereador Osmar Filho (PDT) só foi eleito de novo presidente porque o prefeito Eduardo Braide (Podemos), que tinha poder de fogo para eleger o presidente, resolveu mimar o PDT costurando um consenso, retribuindo assim o apoio que dele recebeu no segundo turno. O vice-governador tentou estimular uma disputa, mas errou no cálculo.

Na disputa para a Prefeitura da Capital, o senador Weverton Rocha conduziu o PDT e a aliança dele com o DEM a um desastre monumental. Tanto que o candidato da aliança, o jovem e aguerrido deputado estadual Neto Evangelista, não conseguiu chegar ao segundo turno. O líder pedetista tentou compensar o tombo apoiando Eduardo Braide, que venceu a eleição e deu aos pedetistas a falsa sensação de vitória. Esfriados os ânimos e feitas as contas, o fato real é que um erro de cálculo do senador levou o partido criado por Jackson Lago, que estava no comando de São Luís, quase a desaparecer do mapa político da Capital, depois de quase três décadas de domínio absoluto.

Para começar, numa decisão inacreditável para muitos membros do partido, Weverton Rocha resolveu que o PDT não lançaria candidato à sucessão do prefeito pedetista Edivaldo Holanda Jr.. Com isso, abriu mão de tentar manter seu partido no comando da maior Prefeitura do Maranhão e, mais surpreendente, para tentar entregá-la ao DEM, uma força duramente combatida pelo chamado “PDT de raiz”.

O erro estratégico ganhou força com o fato de o senador não haver dialogado com o prefeito Edivaldo Holanda Jr., que considerou a escolha “inaceitável”, se recusou a apoiá-lo e se distanciou da disputa. Sem oposição dentro do partido, Weverton Rocha consolidou o projeto de entregar a Prefeitura de São Luís ao DEM, levando o PDT a participar da sucessão municipal na condição de mero coadjuvante, ao indicar a assistente social e militante pedetista Luzimar Lopes candidata a vice.

As urnas confirmaram o desastre que foi a estratégia do comandante do PDT em São Luís: numa só tacada, o partido perdeu o poder de administrar uma máquina que alcança 1,2 milhão de ludovicenses, 700 mil deles eleitores, não conseguindo sequer a vaga de vice. Não ficou aí: só elegeu três vereadores – Osmar Filho e Raimundo Penha, reeleitos com votações menores do que em 2016, e o novato Nato Jr..

Focado na guerra sucessória estadual e certo de que a eventual eleição de Duarte Jr. fortaleceria o vice-governador Carlos Brandão, o senador não titubeou: sem levar em conta o fato de que esse movimento atingiria a malha partidária tecida pelo governador Flávio Dino, mobilizou o que restou do PDT e o colocou a serviço da candidatura de Eduardo Braide, que, até onde é sabido, não assumiu qualquer compromisso para 2022. Assim, no dia 1º de Janeiro, o PDT entregou, sem luta, sua joia mais preciosa, a Prefeitura de São Luís, ao Podemos, encerrando uma era de domínio político na Capital.

Não há algo parecido na crônica das vitórias e derrotas políticas recentes do Maranhão.

É consenso que, aos 41 anos, o senador Weverton Rocha é o político mais ativo, arrojado e bem-sucedido da sua geração no Maranhão. Comanda um partido de peso, faz um mandato senatorial produtivo nos vieses legislativo e político, e, com atuação forte, reúne todas as condições para entrar na disputa com cacife para ser o próximo governador do Maranhão. Os dois milhões de votos que recebeu para o Senado indicam essa evidência.

Nessa contabilidade positiva no geral há, porém, baixas expressivas. Se de um lado saiu das eleições com 45 prefeitos e cerca de 300 vereadores, de outro sofreu perdas irreparáveis, como a máquina de São Luís – que sozinha equivale a mais da metade desses municípios conquistados -, e a importante e estratégica Prefeitura de Codó, por exemplo. Além disso, a legenda só tem hoje um deputado federal (Gil Cutrim), e só quatro dos seis deputados estaduais que elegeu em 2018.

Qualquer avaliação isenta, sem a pressão do partidarismo, certamente mostrará que, eleitoralmente, na disputa pela Prefeitura de São Luís o desempenho do lado do vice-governador Carlos Brandão foi bem melhor do que o do senador Weverton Rocha.