Trabalhadores da obra do Centro Cultural de São José de Ribamar, financiada pela Caixa Econômica Federal e iniciada na gestão anterior, denunciam salários atrasados e relatam abandono por parte da empresa Nordcon, responsável pela construção. Eles também desconfiam da influência do vice-prefeito Natércio Silva nas decisões da construtora, mesmo sem vínculo oficial.
Segundo os relatos, os operários continuam comparecendo à obra, mas não recebem retorno sobre os pagamentos. “Nem a engenheira aparece mais aqui. A gente está largado, sem saber quando vai receber. Um joga para a prefeitura, outro diz que é a Caixa, mas ninguém dá uma resposta. É só pegar material para outras obras e a gente aqui à ver navios”, lamentou uma funcionária que se preparava para uma cirurgia e depende do salário para o procedimento.
A revolta entre os trabalhadores se intensificou com a informação de que a prefeitura já teria recebido recursos da Caixa, após medições realizadas na obra, mas não teria repassado os valores à Nordcon. Em contrapartida, a empresa alega não ter sido paga e, por isso, estaria impedida de remunerar os funcionários. A comunicação com a direção da construtora também é quase inexistente — as poucas informações chegam por meio de uma engenheira que, segundo os operários, também desapareceu do canteiro.
A situação tem gerado desconfiança sobre a real destinação dos recursos e a conduta dos envolvidos. “Eu queria saber se o prefeito está sabendo dessa falha. Se estivesse, já tinha dado um jeito. Doze meses nessa situação. Quem são os gatos com esse dinheiro?”, questionou outro trabalhador. Há suspeitas entre os operários de que a Nordcon tenha dispensado parte da equipe para cortar gastos, enquanto mantém outros sem remuneração.
Enquanto isso, as obras seguem em ritmo irregular em locais como a antiga Tondela e o campo do Maropóio, sustentadas por trabalhadores insatisfeitos, que enxergam no projeto do Centro Cultural um símbolo do desrespeito à mão de obra local e da fragilidade das relações trabalhistas em São José de Ribamar.